terça-feira, 8 de novembro de 2011

Redes Sociais

Curso: Gestão Pública Municipal
Discente: CCurso: Gestão Pública Municipal
Discente: Cleuber da Silva Costa
    a -Após ler o artigo faça um texto com as mesmas variáveis presentes no quadro 02 da apostila (pág. 39). Ressalta-se que você deve ter como orientação para a seleção as respostas a coluna “Especificações” tendo por base o artigo e o site da rede: http://www.redesementeira.org/.
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Atores envolvido
Redes de colaboração Social do Terceiro Setor, gestores sociais, pessoas,
2
Caráter das relações
Redes acolhem entes autônomos, com suas identidades peculiares, para, em um relacionamento horizontal, realizarem ações com parceria, articulando múltiplos saberes, experiências e poderes, os quais tornam o conjunto mais apto para lidar com os complexos problemas apresentados à gestão social
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Foco de a tuação
Estas redes estão baseadas nas
relações entre atores, sejam eles pessoas e/ou instituições, em torno de objetivos e interesses
comuns, a fim de melhorar a realidade social em que estão inseridas.
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Processo
Os resultados da pesquisa identificaram as relações da Rede Sementeira para a consecução de sua gestão social. Por meio da investigação das informações obtidas, foi possível comprovar que a gestão da Rede tem objetivos compartilhados e alto comprometimento dos atores, e que possui como base de relação a busca por informações e a participação nos mesmos cursos e capacitações.
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Princípios e valores
Redes Sociais do Terceiro Setor surgem como formas viáveis de colocar em prática a gestão social, haja vista a exigência da sociedade civil em obter respostas rápidas e eficazes a fim de assegurar os direitos dos cidadãos.
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Interações
Interdependência, horizontalidade.
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Ambiente
Instituições, terceiro setor, sociedade civil
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Engajamento
A compreensão que a gestão social deveria ser realizada exclusivamente pelo poder do
Estado evoluiu para a interação entre os diversos atores. que passam a ser mediados por objetivos que privilegiam o coletivo.
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Racionalidade
o entendimento das redes como uma solução para administrar políticas e projetos onde os recursos são escassos e
os problemas complexos, onde existam múltiplos atores envolvidos, onde há interação de agentes públicos e privados, centrais e locais, bem como uma crescente demanda por benefícios e participação cidadã.










    b- Discorra sobre os conceitos de redes tratados pelos autores no referencial teórico deste trabalho. É fundamental nesta questão que as respostas considerem o conceito apresentado por meio de cada autor.
    1-Carvalho descreve a gestão social como sendo uma administração de ações sociais públicas realizadas não exclusivamente pelo Estado, mas por meio da parceria entre o Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada.
2 Dowbor preconiza a importância e a falta de paradigma deste setor, as Redes Sociais e a descentralização como formas para operacionalizar a gestão social: repensar formas de organização social, a redefinir a relação entre político, econômico e o social, a desenvolver pesquisas cruzando as diversas disciplinas, a escutar de forma sistemática os atores estatais, empresariais e comunitários, ainda esta sendo elaborado.
3- Singer analisa a gestão social sob a perspectiva dicotômica do capital versus trabalho – o desafio da gestão social consiste em organizar o maior número de excluídos para que conjuntamente possam ter acesso ao capital (terra) e apoio para gerar trabalho (renda). Neste cenário, a gestão social caracteriza-se quando a ação individual não é o suficiente para garantir o bem-estar da população.
4-Tenório explicita de forma minuciosa a questão da gestão social e a compara com a gestão tradicional, afirmando que a primeira deve propor um gerenciamento participativo no qual o processo decisório seja exercido por meio de diferentes sujeitos sociais. Ao passo que a gestão estratégica (ou tradicional) caracteriza-se por estar fundamentada sobre o cálculo de meios e fins, e implementada por meio da interação entre duas ou mais pessoas – sendo que uma delas possui autoridade formal sobre a outra.
5- França Filho segue além ao compará-la com a gestão privada e pública, infere-se que a gestão social possui objetivos claros, muito embora não possua meios de operacionalização definidos como ocorre na gestão privada que conta com um arcabouço teórico extenso. As redes de colaboração surgem como um meio para operacionalizar tal gestão. ressalta que o desafio da gestão social reside na identificação de outros meios além das redes, adotando uma abordagem crítica que permita identificar aquilo que pode ser incorporado da gestão privada na gestão social, com o devido reconhecimento de sua especificidade e racionalidade. o conceito de gestão social aponta para uma solução compartilhada pelos diversos entes (Estado, mercado e sociedade civil) que sintetize a combinação de instrumentos oriundos da gestão privada tendo como foco a realidade social.
6- FLEURY e OUVERNEY O desenvolvimento das tecnologias de informação também foi um fator essencial para o desenvolvimento das Redes Sociais, permitindo grandes inovações e soluções em tempo real nos processos de planejamento, coordenação e controle .
7-Godbout salienta a importância de distinguir as Redes Sociais das redes mercantis na sociedade atual. As redes mercantis são compostas por vínculos baseados na obrigação de contratos. Já as Redes Sociais constroem vínculos em uma obrigação coletiva mais ampla, onde a dimensão econômica faz parte, porém está subordinada a dimensão moral.
8- NOHRIA Existem diferentes concepções para o conceito de rede nas mais variadas áreas do conhecimento. Estes conceitos e aplicações não são incipientes, pois desde a década de 1930 vêm sendo aplicados nessas diversas áreas.
9- FLEURY e OUVERNEY Para a psicologia social, por exemplo, rede é considerada o universo relacional de um indivíduo, isto é, o conjunto, relações e estruturas de apoio socioafetivas de cada um. Como ponto em comum, essas disciplinas trazem a ideia de que as redes são [...] um conjunto de relações relativamente estáveis, de natureza não hierárquica e independente, que vinculam uma variedade de atores que compartilham interesses comuns em relação a uma política e que trocam entre si recursos para perseguir esses interesses comuns admitindo que a cooperação é a melhor maneira de alcançar metas comuns .
10- Castells define rede como um conjunto de nós interconectados, partindo do conceito de que nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Para ele, a lógica dos elementos em rede é estruturar o não estruturado, guardando a sua flexibilidade, pois o não estruturado é a força motriz da inovação na atividade humana. De uma forma mais específica
11- Marteleto e Silva afirmam que as redes são compostas por nós com conexões entre eles, ligados por um objetivo comum, sendo as redes responsáveis pelo compartilhamento de ideias, ou seja, pela troca de informações e conhecimentos entre pessoas que possuem interesses comuns e também valores a serem compartilhados. Os objetivos e valores são a intersecção entre as pessoas, e o capital social é definido pelos relacionamentos que permitem a cooperação dentro ou entre os diferentes grupos sociais.
12- Junqueira complementa preconizando [...] nas redes os objetivos definidos coletivamente, articulam pessoas e instituições que se comprometem a superar de maneira integrada os problemas sociais. Essas redes são construídas entre seres sociais autônomos, que compartilham objetivos que orientam sua ação, respeitando a autonomia e as diferenças de cada membro. Daí a importância de que cada organização pública, seja estatal ou privada, desenvolva seu saber para colocá-lo de maneira integrada a serviço do interesse coletivo.
13- Fleury e Overney enfatizam o entendimento das redes como uma solução para administrar políticas e projetos onde os recursos são escassos e os problemas complexos, onde existam múltiplos atores envolvidos, onde há interação de agentes públicos e privados, centrais e locais, bem como uma crescente demanda por benefícios e participação cidadã. Destacam duas características que distingue redes de parcerias: a horizontalidade e a interdependência, também destacam algumas das vantagens em utilizar o modelo das Redes Sociais: a diversidade de atores possibilitando maior mobilização e diferentes opiniões; as prioridades são eleitas de forma mais democrática; ter uma presença pública sem possuir uma estrutura burocrática já que as redes podem envolver agentes governamentais e não governamentais; maior flexibilidade e capacidade de adaptação; possibilitam um consenso ao serem escolhidos objetivos e estratégias já que as redes são
horizontais.
14- Destacando também a participação cidadã, Scherer-Warren (1999, p. 23) observa as organizações em rede como “uma nova visão do processo de mudança social – que considera fundamental a participação cidadã – e da forma de organizações dos atores sociais para conduzir o processo”.
    1. PINTO; JUNQUEIRA Infere-se que o princípio básico para a existência de uma estrutura em rede é a interação entre seus membros em torno de objetivos compartilhados, “a existência de uma rede depende de uma realidade múltipla e complexa onde o reconhecimento do outro e a definição de objetivos comuns possibilitam a construção de um tecido social” .
      15- Dabas e Najmanovich salientam que as Redes Sociais são uma associação de pessoas que se identificam para compartilhar objetivos comuns.
      16- Martins cita: Quando nos debruçamos, por exemplo, sobre os requisitos da confiança entre os atores sociais [...] observamos que esta confiança não pode ser obtida por cláusulas contratuais livres entre parceiros, nem pela obrigação legal. Ao contrário, a confiança exige um certo risco de acreditar que aquele outro com quem me relaciono, não vai me trair, que ele vai fazer circular os bens recebidos conformando um novo sistema, uma nova rede social.
      17-Para Silva os fundamentos das redes do Terceiro Setor são como um código de conduta, onde a vinculação deve ser individual, ou seja, basear-se na vontade do sujeito em participar e colaborar, em sua adesão voluntária, sendo que os valores e objetivos comuns são os que conectam as ações e os projetos.
      18- SIQUEIRA, As redes têm como características fundamentais desenvolver o aprendizado social de respostas adaptativas com melhores resultados do que outras formas organizacionais, inclusive melhor do que as parcerias .
      19-Junqueira, as redes são uma releitura das parcerias e das alianças que privilegia a autonomia, e a importância da contribuição de cada sujeito para a construção do coletivo e do bem-estar da sociedade. enfatiza afirmando que um ponto que surge com a questão da rede é o da horizontalidade, já que o poder deixa de ser vertical e centralizado e passa a ser o poder que é distribuído no âmbito das organizações que compõem determinada rede. Portanto, a rede, sem ser criada por qualquer autoridade, surge e é mantida apenas pelo interesse coletivo dos indivíduos que a compõe, a autoridade não desaparece, é interiorizada de uma maneira que permite auto-organização e autogerenciamento. Isso significa que mesmo tendo recursos e poderes distintos, as organizações devem reconhecer que são iguais naquele determinado projeto.
      20- Nohria preconiza a importância em avaliar o conteúdo, pois eles levam a diferentes padrões de rede. No mesmo sentido, para Granovetter , os vínculos sociais apresentam diferentes conteúdos e podem abranger informações, conselhos, amizade, interesses comuns e algum nível de confiança. A partir dessa análise de trocas pode-se identificar como o capital social é constituído a partir das relações no interior da rede.
C ) “No entanto, os autores também ressaltam algumas limitações que as estruturas em redes podem gerar: a prestação de contas pode ser problemática devido a participação de diversos atores governamentais e não governamentais; a busca pelo consenso pode ser lenta dificultando o processo de solução imediata de problemas; o compartilhamento de metas não garante a eficácia no cumprimento dos objetivos devido a existência de muitos atores responsáveis.”Tendo o trecho acima como motivador, quais são os mecanismos de gestão de redes que podem ser utilizados na gestão da Rede Sementeira. Ressalto que a análise deverá ser feita a partir dos Resultados da Pesquisa.
A maioria das instituições, 89%, participa dos projetos e ações que a Rede realiza, revelando um alto índice de comprometimento, enquanto que 11% não participa. Destes, duas instituições alegaram interessar-se pelos projetos, porém devido ao reduzido número de funcionários, estes não podem ser liberados para participarem de cursos e capacitações. As demais não participam, pois os cursos e capacitações oferecidos não se enquadram em sua área de atuação que é mais específica, como é o caso da educação especial. Das instituições que participam dos projetos que a Rede realiza (89%), a maioria, 43,08%, alegam frequentar os cursos promovidos pelo Instituto Criança é Vida, revelando ser o curso mais importante promovido pela Rede. e 32,39% responderam que o objetivo da Rede é buscar a melhoria das instituições por meio da união; 25,35% acreditam que o propósito da Rede é a troca de conhecimento e experiências entre as instituições; 19,72% acreditam que é a busca pelo bem estar e a melhoria da educação das crianças e adolescentes da região; por fim, 16,90% consideram como objetivo da Rede a obtenção de cursos para a capacitação técnica e obtenção de recursos financeiros.
Metade dos atores (50%) afirmam que a maior vantagem em participar da Rede é a troca de conhecimento e experiências com instituições que passam pelas mesmas dificuldades, o que acaba trazendo um aprendizado Outros 28,38% acreditam que ter acesso a cursos e capacitação é a maior vantagem em participar da Rede. E, por fim, 12,16% consideram ser o maior benefício os recursos obtidos pela Rede e revertidos para as entidades que a compõem. 26,19% das instituições afirmaram buscar a troca de experiência e informação entre as entidades; 19,05% entraram na Rede recorrendo a cursos e capacitação que sozinhos não conseguiriam; 16,67% ingressaram na Rede pois foram convidadas e aceitaram o convite pela credibilidade da mesma; 11% das instituições buscavam a melhoria dos serviços prestados. Cabe destacar que todas essas entidades são consideradas de grande porte, e que apenas 4,76% das instituições entraram com o intuito de obter maior recurso financeiro, sendo todas essas consideradas de pequeno porte. 54,29%, e por serem menores buscam justamente se unir com as instituições de maior porte para obterem informações privilegiadas e cursos que provavelmente não conseguiriam.
Motivos que levam às relações, destacando 4 principais critérios: relacionamento pela posição que ocupam dentro da Rede, como é o caso das facilitadoras (23,62%); relação visando a busca de informação e a troca de experiências (22,83%); a criação de vínculo pela participação nos mesmos cursos, projetos e eventos (22,44%); e por fim, a relação por atuarem no mesmo segmento (16,14%).A partir da análise do Sociograma – representação gráfica das relações - é possível verificar que dos 36 atores entrevistados, 21 afirmam relacionar-se devido a posição ocupada pelas facilitadoras – é o termo utilizado para denominar os representantes que ocupam posição de liderança dentro da estrutura reticular, vale destacar que não ocupam uma posição formal dentro da estrutura e que esses representantes são escolhidos pelo grupo para representá-los. Do total de vínculos, 58 são únicos e quatro recíprocos. Isto é, há uma reciprocidade entre quatro, das seis facilitadoras, revelando uma confiança entre elas.
Ainda, deve-se destacar que apenas a facilitadora A6 afirma possuir relacionamento com as demais 5 facilitadoras por ocupar uma posição de destaque na Rede. Desse grupo de facilitadoras, o ator que mais se sobressai é o ator A35, e tal fato é comprovado pelos índices de centralidade de entrada, intermediação e proximidade. Essa razão para a existência de relação revela que apesar de não haver cargos e funções formais, existe uma hierarquia no interior da rede, fato que mostra-se contrário ao princípio da horizontalidade. Aárea de educação especial é que mais polariza esse tipo de relacionamento, possuindo os maiores índices de reciprocidades, comprovados pelas relações bidirecionais. As demais áreas presentes no sociograma referem-se a abrigos e educação infantil.
182 nomes indicados, revelando assim 182 vínculos estabelecidos entre os membros. Do total, 116 são únicos - unilaterais, e 66 são duplicados - bidirecionados. Inferese que a reciprocidade ocorre em 66 conexões, representando 36,66% de relações simétricas. Portanto, 63,34% dos casos em que um ator menciona possuir relacionamento com outro ator, a relação inversa não ocorre. Isto é, o ator “X” diz que se relaciona com o ator “Y”, mas o ator “Y” não menciona o ator “X” como contato. Por possuir apenas 36,66% de relações simétricas, a Rede, segundo Hanneman, pode ser considerada hierarquizada, o que revela indícios de relações de poder. Tal evidência novamente demonstra ser contrária ao princípio da horizontalidade da gestão de Redes Sociais, as quais consideram não haver hierarquia nas relações. Sendo assim, quanto a horizontalidade da Rede, pode-se afirmar que esta possui um certo grau de hierarquia, haja visto seus altos índices de centralidade.
A reciprocidade das relações revela a cooperação e a confiança entre os membros da rede - características essenciais para a gestão da rede. Devido ao baixo índice de reciprocidade, pode-se inferir que o nível de confiança entre os membros também é baixo. a Rede possui um total de 0,29 conexões. Isso significa que 71% do potencial de relacionamentos não está sendo utilizado pelos atores que compõem a Rede. Sendo assim, nota-se uma baixa conectividade e relações de troca, revelando uma concentração na disseminação de informações, o que também demonstra indícios de relações de poder.

BIBLIOGRAFIA:
Fabíola Dapuzzo Vinhas, Nathalie Perret, Luciano Antonio Prates Junqueira- O Caso da Rede Sementeira: A Gestão Social de uma Rede de Colaboração do Terceiro Setoreiro Setor