terça-feira, 19 de julho de 2011

Hegel e a Fenomenologia do Espírito absoluto

Introdução
A Fenomenologia permanece como um conhecimento do Absoluto, porque só o absoluto é verdadeiro ou somente o verdadeiro é absoluto e no lugar de apresentar o saber do Absoluto em si e para si, Hegel considera o saber tal como esse é na consciência e é precisamente desse saber fenomênico, a criticar-se a si mesmo, que ele se eleva ao saber absoluto. Hegel define a Fenomenologia como desenvolvimento e cultura da consciência natural rumo à ciência, isto é, rumo ao saber filosófico, ao saber Absoluto, indica simultaneamente  a necessidade de uma evolução da consciência e o termino dessa evolução, a técnica do desenvolvimento fenomenológico, mostra em que sentido esse desenvolvimento é próprio da consciência engajada na experiência e que ela pode ser repensada em sua necessidade pela filosofia.
Problema do conhecimento a ideia de uma fenomenologia
A filosofia é ciência do Absoluto, em vez de ficar na reflexão, no saber é preciso conhecer no objeto, conhecer a Natureza, Universo ou Razão absoluta. Hegel, insiste na necessidade de colocar-se a partir do ponto de vista da consciência natural e conduzi-la progressivamente, ao saber filosófico, ao voltar ao ponto de vista da consciência, a uma espécie de teoria do conhecimento. O Absoluto não mais estar para além de todo o saber; será o saber de si a consciência, o saber fenomênico será o saber progressivo que o Absoluto tem de si mesmo. A consciência do fenômeno se elevará à consciência do saber absoluto, o Absoluto e reflexão não mais estarão separados; a reflexão será um momento do absoluto. O saber pela consciência é considerado de modo original amplia consideravelmente a noção de experiência em Hegel, a crítica da experiência estende-se à experiência estende-se ética, jurídica, religiosa, não mais  se limitando à experiência  teorética.  Em Kant, a crítica do conhecimento era uma  critica efetuada sobre a consciência comum e cientifica um fenômeno que é observado, o entendimento fenomênico, oposto a natureza, era então conduzido pela reflexão filosófica ao entendimento transcendental que funda toda experiência teorética como unidade sintética e esse entendimento tornava-se, entendimento objetivo.
Nesse caso não é a experiência  da consciência comum que é levada em consideração, mas as reflexões necessária mediante as quais a consciência deve elevar-se, desde aquilo que ela é em si até aquilo que ela é para si. Hegel quer nos conduzir do saber empírico ao saber filosófico, da certeza sensível ao saber absoluto, considerando a consciência tal como ela se oferece diretamente. A experiência que a consciência faz aqui não é somente a experiência teorética, o saber do objeto, mas toda a experiência, trata-se de considerar a vida da consciência tanto ao conhecer o mundo como objeto da ciência quanto conhecer a si mesma como vida, ou ainda quando ela se propõe uma meta. Todas as formas de experiência éticas, jurídicas, religiosas encontrarão seu lugar, visto  que se trata de considerar a experiência da consciência em geral.
A cultura da consciência natural. desenvolvimento e termino desse desenvolvimento.

A fenomenologia de Hegel é, por seu turno, o romance de formação filosófica: segue o desenvolvimento da consciência que, renunciando à si suas convicções primeiras, atinge através de suas experiências o ponto de vista propriamente filosófico, aquele do saber absoluto. O caminho que segue a consciência é a história pormenorizada de sua formação. O resultado de uma experiência da consciência só é absolutamente negativo para ela, de fato, a negação é sempre uma negação determinada e toda negação é sempre  uma certa posição. Quando a consciência experimenta seu saber sensível  e descobre que o aqui e agora que acreditava suster imediatamente lhe escapa, essa negação da imediatez de seu saber é um novo saber. A apresentação da consciência não verdadeira em sua não-verdade não é somente um movimento negativo, como ela o é segundo a maneira unilateral de ver da consciência natural, mais o erro percebido supõe uma nova verdade, Hegel insistirá nessa natureza do erro ao mostrar  que o erro superado é um momento da verdade é somente o filosofo quem percebe a gênese de uma nova verdade na negação de um erro. Se a verdade não for posto além da representação, a verdade perde sua significação transcendente para a consciência, e se essa transcendência for mantida de modo absoluto, a representação é radicalmente separada de seu objeto.
O movimento de se transcender, de ir além de si, é característico da consciência, toda consciência é mais do que acredita ser, é certeza subjetiva enquanto de opõe a um saber objetivo. O saber é inquietante em si mesmo, visto que deve superar-se e em termos existenciais, é apaziguável enquanto o termino não for atingido, um termino que permanece fixado pelo dado problema. O objeto é o objeto para a consciência, e conceito é o saber de si, a consciência que o saber tem de si, mais justamente o objeto é que deve ser idêntico ao conceito. A desigualdade presente na consciência comum entre subjetividade e objetividade é a alma do desenvolvimento fenomenológico e orienta para a sua meta, a desigualdade que não é outra coisa senão a exigência de uma perpetua transcendência. Para conceber a consciência, perguntemos o que é o mundo para ela, o que a consciência oferece a sua verdade em seu objeto encontraremos objetivamente a ela mesma, e na história de seus objetos é sua própria historia que vamos ler. Ao termino da fenomenologia, o saber do saber não se oporá nada mais: com efeito, após a própria evolução da consciência se sabe como espirito, o Absoluto que se reflete em si mesmo, será sujeito e substância. De modo efetivo, a medida de que se serve a consciência não radica fora dela, num saber que ainda lhe é estranho.
A consciência fornece, em si mesma, sua própria medida, motivo pelo qual a investigação se torna uma comparação de si mesma, com efeito, é a consciência que põe um momento da verdade e um momento do saber e que os distingue um do outro, ao designar aquilo que para ela mesma é a verdade, fornece  medida de seu próprio saber. Uma consciência particular caracteriza por uma certa estrutura, é uma forma uma figura da consciência tanto subjetiva quanto objetiva. O verdadeiro é uma imediatez sensível  ou Coisa da percepção, a Força ou a Vida, o verdadeiro se relaciona um certo saber que é saber desse verdadeiro, como sendo em si. Pode-se também denominar o saber como conceito, e o Verdadeiro como objeto tal como é para outro e assim o desenvolvimento dessa figura.
“Esse movimento dialético que a consciência exerce em si mesma, tanto em seu saber como em seu objeto, enquanto dele surge o novo objeto verdadeiro para a consciência, é justamente o que se denomina experiência”,  porque a consciência do que é verdadeiro é consciência de seu saber dessa  verdade e a experiência aparece na descoberta de novos mundos. O filosofo vê na Força, objeto do entendimento, o resultado do movimento da consciência ou da Vida, que é como um objeto novo, o resultado da dialética do entendimento, nas quais diversas consciências particulares se encontram vinculam-se umas as outras.
Espirito e história
A vida orgânica não tem historia, somente o espirito tem uma historia, isto é, um desenvolvimento de si e por si mesmo em suas particularizações e quando os nega o que é próprio movimento do conceito, conserva tais particularidades para eleva-las a uma forma superior. Esse movimento por meio da qual toda consciência particular torna-se ao mesmo tempo consciência universal que lhe é essencial, constituindo a singularidade autentica e o vir-a-ser dessa singularidade, através de seu desenvolvimento, esse movimento é a fenomenologia.
O que é considerado no capitulo do Espirito, são as totalidades concretas, espíritos particulares, aquele das cidades gregas, do Império e do Direito  romanos, da cultura ocidental, da Revolução Francesa e do mundo germânico. Só o Espirito, é portanto um todo concreto, tem um desenvolvimento original é uma história real. Um desenvolvimento da historia real desde a Cidade antiga até a Revolução Francesa. Em relação a religião, tudo o que procede não deve ser considerado um desenvolvimento histórico, contudo a religião pressupõe o Todo no espirito   e para fazer uma fenomenologia da religião, deve se considerar todo o movimento anteriores como reunidos e constituir a substancia do espirito absoluto se bem que a religião: natural, estética, e revelada pode ter uma significação histórica como tal. Como filho de seu tempo, o individuo possui em si toda a substância do espirito desse tempo, é preciso que se aproprie desse tempo. A historia do mundo se realizou e é preciso que o individuo singular a reencontre em si mesmo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     “O ser singular deve também percorrer os graus de formação do espirito universal segundo o seu conteúdo, mas como figuras já depostas pelo espirito, como graus de uma via já traçada e aplanada.”
A fenomenologia é o desenvolvimento concreto e explicito da cultura do individuo, a elevação de seu eu finito ao eu absoluto, mas essa elevação só é possível ao utilizar os momentos da história do mundo que são imanentes a essa consciência individual e não se contentar com representações bem conhecidas que por isso são mal conhecidas: “a impaciência pretende o impossível, isto é, a obtenção da meta sem os meios”, é preciso suportar a delonga do caminho, demorar-se em cada momento particular, torna-se então historia concebida e interiorizada da qual se serve para extrair progressivamente seu sentido. A elevação do eu singular ao eu da humanidade, é a na sua significação mais profunda, o que Hegel denomina cultura, mais essa cultura não é somente aquela do individuo, e não interessa apenas a ele, é um momento essencial do Todo, do Absoluto.
 Com efeito se o Absoluto é sujeito e não somente substância, ele é a sua própria reflexão sobre si mesmo, seu vir a ser consciente  do espirito, de modo que quando a consciência progride  de experiência em experiência estende seu  horizonte, o individuo se eleva à humanidade. O que o conceito nos mostra, a historia nos ensina com a mesma  necessidade: é preciso esperar que a realidade tenha alcançado a maturidade para que o ideal apareça em face do real e, após ter apreendido o mundo em sua substância, reconstrua na forma de um império das ideias. O início do espirito novo é produto de uma vasta reviravolta de formas culturais, múltiplas e variadas, a recompensa de um itinerário complexo e sinuoso, de um esforço árduo e penoso. Só a individualidade universal pode se elevar ao saber absoluto, que deve reencontrar e desenvolver em si mesma os momentos implicados em seu vir-a-ser. É a mesma consciência que, tendo chegado ao saber filosófico, retorna a si mesma e, como consciência empírica aborda o itinerário fenomenológico.
Conclusão:
O Espirito Absoluto é resultante do amadurecimento do homem na história, todas as formas de experiência éticas, jurídicas, religiosas encontrarão seu lugar, visto que se trata de considerar a experiência da consciência em geral. Uma evolução da consciência que se sabe como espirito, o Absoluto que se reflete em si mesmo, será sujeito e substância. O movimento de se transcender, de ir além de si, é característico da consciência, toda consciência é mais do que acredita ser, é certeza subjetiva enquanto de opõe a um saber objetivo. A desigualdade presente na consciência comum entre subjetividade e objetividade é a alma do desenvolvimento fenomenológico e orienta para a sua meta, a desigualdade que não é outra coisa senão a exigência de uma perpetua transcendência.

BIBLIOGRAFIA
HYPPOLITE, Jean. “gênese e estrutura da fenomenologia do Espirito de Hegel” São Paulo: Discurso Editorial, 1999.